Frelimo ganha as eleições em Moçambique, mas a oposição não reconhece os resultados

Observadores internacionais afirmam que globalmente as votações foram transparentes. Não será necessário, em princípio, ir a uma segunda volta.

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photo_camera Filipe Nyusi

 

A Frente pela Libertação de Moçambique continuaria a ser a primeira força do país quer nas presidenciais quer nas legislativas, segundo os primeiros dados divulgados esta quinta feira após as votações se realizarem ontem. A vitória é tão clara que parece muito pouco provável que as eleições tenham de irem a uma segunda volta.

Com o 50% das mesas eleitorais já contabilizadas, o candidato da Frelimo Filipe Nyusi seria com muito o mais votado, com o 61,2% dos sufrágios. Por trás dele apareceria Afonso Dhlakama, da Resistência Nacional Moçambicana (RNM), com o 31% dos votos, enquanto que Daviz Simango, do Movimento Democrático Moçambicano ficou com o 7,7%.

Nas legislativas, a Frelimo ganha também, embora com menos percentagem que Nyusi, ao conseguir o 58,11% face ao 28,9 da Renamo e ao 11,7 do MDM.

 A batalha pelo controlo do país -e dos seus recursos naturais: gás, petróleo e carvão- não conclui com estas eleições

A oposição da RNM apressou-se a denunciar irregularidades e a não reconhecer a vitória da Frelimo, até o ponto de o seu porta-voz, António Muchanga, declarar à agência AFP que “nós não aceitamos o resultado destas eleições (…). Podemos dizer categoricamente que ganhámos estas eleições”.

Estas denúncias não assemelham terem o respaldo dos observadores internacionais deslocados ao país. Particularmente significativo a respeito disso foi o depoimento realizado pela responsável dos observadores da União Europeia, Judith Sargentini, quem disse à AFP que a consulta eleitoral correu globalmente bem. “Notámos algumas irregularidades, mas diria que, no conjunto, até ao momento do encerramento [das urnas], correu bem”, alegou.

Três coisas parecem, aliás, evidentes. Primeiro, a Frelimo continua a ser a força com mais apoio popular no país, mas esse apoio vai decrescendo (em 2009, o seu candidato obteve o 75%). Segundo, as feridas da guerra entre a Frelimo e a RNM -assinaram a paz em Setembro passado- demorarão muito em fechar e, de facto, durante a jornada eleitoral se registaram milhentos confrontos armados. E terceiro, a batalha pelo controlo do país -e dos seus recursos naturais: gás, petróleo e carvão- não conclui com estas eleições.

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