Angola, 40 anos de independência

O 11 de novembro de 1975 o líder do MPLA, Agostinho Neto, proclamava a Independência angolana. Um ano e meio depois do 25 de abril de 1974, a República Popular de Angola começava um novo caminho.

Angola

Em 11 de novembro de 1975, Angola se torna independente de Portugal. O cenário para a independência se desenvolveu  meses após a derrubada da ditadura em Portugal pela Revolução dos Cravos em 25 de abril de 1974, quando se abriram perspectivas históricas imediatas para a independência de Angola, uma das colônias portuguesas na África ocidental. 

O novo governo revolucionário português iniciou negociações com os três principais movimentos de libertação: o MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola), liderado por Agostinho Neto, a Frente Nacional de Libertação de Angola, chefiada por Holden Roberto e a UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola), liderada por Jonas Savimbi, no período de transição e do processo de implantação de um regime democrático em Angola e nos marcos dos Acordos de Alvor de janeiro de 1975. 

A independência de Angola não foi o início da paz, e sim de uma guerra aberta. Muito antes do Dia da Independência, quando Agostinho Neto exclamou, "diante de África e do mundo proclamo a Independência de Angola”, culminando assim a campanha independentista, iniciada em 4 de fevereiro de 1961, os três grupos nacionalistas que tinham combatido o colonialismo português lutavam entre si pelo controle do país, e em particular da capital, Luanda. Cada um deles era apoiado por potências estrangeiras, dando ao conflito uma dimensão internacional. 

A União Soviética, e principalmente Cuba, apoiavam o MPLA, que controlava a capital e algumas regiões da costa, em especial Lobito e Benguela. Os cubanos não tardaram em desembarcar em Angola em 5 de outubro de 1975. A África do Sul do apartheid apoiava a UNITA, tendo invadido Angola em 9 de agosto de 1975. A FNLA contava também com o apoio da China, mercenários portugueses e ingleses e até da África do Sul. Os Estados Unidos, que apoiaram inicialmente apenas a FNLA, não tardaram a ajudar também a UNITA. Este apoio se manteve até 1993. A sua estratégia foi durante muito tempo dividir Angola. 

MPLA forma governo 

Em outubro de 1975, o transporte aéreo de quantidades enormes de armas e soldados cubanos, organizado pelos soviéticos, mudou a situação, favorecendo o MPLA. As tropas sul-africanas e zairenses retiraram-se e o MPLA conseguiu formar um governo socialista uni-partidário. 

O Brasil, ainda sob ditadura militar, rapidamente estabeleceu relações diplomáticas, reconhecendo como legítimo o governo de Agostinho Neto, antes mesmo de qualquer país do bloco comunista. 

Em 1976 as Nações Unidas reconheceram o governo do MPLA como o legítimo representante de Angola, o que não foi seguido nem pelos EUA, nem pela África do Sul. 

Em 27 de maio de 1977, um grupo do MPLA, encabeçado por Nito Alves, desencadeou um golpe de Estado que ficou conhecido como “fraccionismo”, terminando num banho de sangue que se prolongou por dois anos. Em dezembro, no rescaldo do golpe, o MPLA realizou o seu 1º Congresso, onde se proclamou como sendo um partido marxista-leninista, adotando o nome de MPLA-Partido do Trabalho. A UNITA e a FNLA juntaram-se então contra o MPLA. Começou então uma guerra longa e devastadora contra o governo do MPLA. A UNITA apresentava-se como sendo antimarxista e pró-ocidental, mas tinha também raízes regionais. 

Guerra civil 

Antes de alcançar a independência nacional, os angolanos desenvolveram de início uma intensa luta política, sem recurso às armas. Diante da resposta das autoridades coloniais, que recusavam qualquer conversação com vista à autodeterminação, os patriotas angolanos não tiveram outra saída que não a luta armada que se estendeu por 14 anos. O povo angolano proclamou a independência de Angola, pondo desta forma fim, ao mais longo império colonial em África que durou cinco séculos. 

No decurso dos 35 anos de independência, após o abandono do sistema de economia centralmente planificada, agentes econômicos privados passaram a assumir um papel preponderante na economia do país. Por outro lado, a afirmação de Angola como Estado soberano permitiu-lhe exercer um papel fundamental na libertação de outros países, como a Namíbia e o Zimbábue. E ainda, como resultado de alterações na Constituição, foram realizadas as primeiras eleições multipartidárias na história de Angola independente. À parte, o governo empreendeu ações importantes para mudar o quadro desolador resultante da guerra. 

Agostinho Neto, líder do MPLA, morreu em Moscou em 10 de setembro de 1979, sucedendo-lhe no cargo o ministro da Planificação, o engenheiro José Eduardo dos Santos. Seu principal opositor, Savimbi, morreu em 2002, isolado e esquecido. 

Artigo tirado de Opera Mundi

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