A Academia de Ciências de Lisboa (ACL) aprovou a quinta feira 26 de Janeiro o documento Sugestões para o aperfeiçoamento do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa por 18 votos contra 5. O documento foi elaborado pelo Instituto de Lexicografia da Academia, sob a direcção da lexicógrafa Ana Salgado. No entanto, não tem nenhum efeito vinculante, mas reforça a posição do presidente da ACL, Artur Anselmo, para levar por diante a sua tentativa de abrir um processo de revisão do Acordo Ortográfico de 1990 (A O90).
Num comunicado enviado pela Academia à agência Lusa, sublinha-se que o documento, que só deverá ser divulgado na sexta-feira, “tem carácter meramente indicativo e facultativo”. A Academia explica que este estudo “deve ser encarado com um ponto de partida para uma nova fase" e sublinha que "o interesse da opinião pública" em torno do Acordo Ortográfico e "a esperança de melhora" na sua aplicação "são indícios claros de manifesta utilidade deste trabalho académico".
Ademais, esclarece que "dá inteira liberdade aos académicos de seguirem, ou não, o AO90", ao mesmo que salienta que na discussão desta quinta-feira "foi notória a diversidade de opiniões e, por isso, a aprovação da proposta deve ser percebida como um voto de confiança no presidente para representar a Academia na sua próxima audição, na Assembleia da República ". Por outra parte, Anselmo insistiu na necessidade de reconduzir o debate ao plano científico.
O conflito do Acordo Ortográfico
São várias as entidades e associação que não são afins à revisão do AO90. “Pela correspondência que recebo, tenho a sensação de que a Sociedade Portuguesa de Autores, o Pen Clube, a Associação Portuguesa de Escritores, todos estes representantes da escrita em Portugal estão a reagir. E contam-se pelos dedos os escritores que aceitam o chamado acordo ortográfico”, afirmou Anselmo em declarações ao jornal português Público o passado dezembro.