APRESENTAçãO DE 'OSTRáCIA' ESTA QUARTA FEIRA EM COMPOSTELA

Teresa Moure: "O Amor escreve-se em maiúsculas e o amor é entrega"

Teresa Moure apresenta esta quinta feira em Compostela (20 h, Faculdade de Filosofia) Ostrácia, o seu último romance, num acto no que estará acompanhada por Chus Nogueira, professora da USC e crítica literária. Com tal motivo, resgatamos a conversa que publicámos com ela no número 163 do nosso semanário

Teresa Moure
photo_camera Foto: B.P.M.


Em Ostrácia, o seu último romance, Teresa Moure resgata a figura de Inessa Armand, dirigente da cúpula do Partido Bolchevique que fez triunfar uma revolução socialista na Rússia czarista. O livro narra a relação amical e/ou amorosa -platónica? erótica?- de Inessa com o líder das e dos comunistas russos, Vladimir Ilich Ulianov, Lenine.

Ostrácia é um autêntico tour de force literário. Nele Teresa Moure mistura o romance histórico e a meta-literatura (o jogo de vozes entre autora e narradora -quem é cada quem?- é permanente, a pescuda por volta do próprio processo da escrita), mas também têm o seu espaço a reflexão sobre o conceito do amor romântico ou arredor da moral contraditoriamente burguesa dos dirigentes revolucionários e a reivindicação do Amor (com maiúsculas) como força motriz que move não só as pessoas, mas também a história...e a política!

Teresa Moure tem um discurso muito calculado e racional quando analisa o seu livro, mais fala dele com paixão, a mesma paixão que transpiram os seus personagens, a mesma que talvez levou a Lenine à morte.

-Por que o teu interesse pela figura de Lenine e os seus avatares sentimentais?

-Não me interesso pela figura de Lenine e, aliás, parece-me perigoso que se possa fazer essa leitura. Eu interesso-me pela figura de Inessa Armand que é uma bolchevique que passa à história infelizmente apenas como a amante de Lenine. Foi muito maltratada pela historiografia oficial, também pela marxista. Mas como acontece tantas vezes, quando narras a vida duma mulher importante na história, aparece aí um homem e todas as olhadas se concitam para vê-lo a ele.

Dupla entrevista Teresa Moure Ostrácia Eu sabia que havia essa dificuldade, mais acho que Inessa vale tanto a pena que mesmo vou correr o risco de que se calhar os leitores não se sintam convocados por Ostrácia porque invoca o leninismo, a Lenine e por tanto o leninismo. E vou-no correr porque ela merece uma restituição histórica. E, bom, há uma série de circunstâncias pessoais que me levaram a me interessar por Inessa Armand que já estão relatadas no próprio romance.

A íntegra desta entrevista faz parte do Sermos número 163, disponível na nossa loja.

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