Quando ainda está na lembrança a exploração de volfrâmio

Vila Nova da Cerveira também contra o lítio

Na passada semana foi a Câmara Municipal de Viana do Castelo que manifestou, através do seu Presidente, a intenção de “criar muitas dificuldades, tudo o que a lei nos permitir" para a possível exploração de lítio na Serra D'Arga. Agora é a Câmara Municipal de Vila Nova de Cerveira. 

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photo_camera Vista da Freguesia de Covas, em Vilanova da Cerveira. (Imagem: www.cm-vncerveira.pt)

A Câmara Municipal de Vila Nova de Cerveira foi notificada pela Direção-Geral de Energia e Geologia para se pronunciar relativamente à prospeção de lítio na Serra d’Arga. O seu parecer foi desfavorável. “O pouco conhecimento do processo, o fato de ser um assunto ainda pouco amadurecido e, acima de tudo, o perímetro bastante significativo para a freguesia de Covas”, são os motivos evocados pela autarquia para sustentar um parecer desfavorável.

Em comunicado oficial que podemos ler no seu sítio web informa que ”apesar deste ser um assunto da ordem do dia da agenda nacional, a Câmara Municipal de Vila Nova de Cerveira apenas foi notificada, de forma formal e oficial, esta segunda-feira, 17 de junho, no âmbito da audição em curso aos municípios em cujo território se insere a área objeto do pedido de prospeção de lítio”.

Dá nota o município de que “de acordo com o documento enviado pela Direção Geral de Energia e Geologia, em breve será aberto o concurso público para atribuição de direitos de prospeção e pesquisa de depósitos minerais e lítio e minerais associados numa área situada no concelho de Vila Nova de Cerveira” 

Atenta à informação até aqui veiculada e em concertação com os restantes municípios alto-minhotos envolvidos, a Câmara Municipal de Vila Nova de Cerveira dá um parecer desfavorável a todo este processo, apresentando respetiva fundamentação para essa tomada de posição.

Na mesma freguesia de Covas existiram noutros tempos, ainda não muito distantes, produtivas minas de volfrâmio. Nelas a empresa canadiana Avrupa Mineral, realizou ainda recentemente, prospeções para avaliar se se justifica a exploração de ouro na região. Das 44 amostras realizadas, junto ao rio Coura, 43 continham vestígios do metal precioso. 

Fernando Nogueira, autarca local,  relembra que “ainda não estão ultrapassadas as sequelas da anterior exploração de volfrâmio que esventraram as encostas da Freguesia de Covas, com repercussões e ocorrências de poluição no principal curso de água da freguesia” em referência ao rio Coura.

De acordo com o autarca local, “o concelho de Vila Nova de Cerveira sabe e ainda sente nos dias de hoje os impactos que uma exploração de minério tem na população e no seu meio ambiente”

O edil cerveirense realça ainda que, estando perante um processo ainda pouco conhecido e do assunto ainda carecer de análise mais profunda, não é de todo aceitável colocar um perímetro muito significativo da freguesia de Covas à destruição. “Da nossa parte, todos os esforços serão feitos e todas as diligências encetadas em torno da preservação do vasto e valioso património natural desta freguesia, assim como da salvaguarda dos interesses da sua população”, disse.

O executivo municipal manifesta ainda muitas dúvidas quanto ao acautelar das questões técnicas, económicas e sociais, além dos impactos ambientais e territoriais.


Também na Galiza
A demanda internacional de lítio para a fabricação de pilhas para a industria automobilística não para de crescer.  Galiza e Portugal são lugares idóneos  para a sua exploração por aqui se encontrar as maiores reservas de lítio europeu.

A indústria automobilística e a sua reconversão e aposta cara o carro elétrico está a provocar que o lítio, elemento químico com o que se fabricam as baterias elétricas, se esteja a posicionar como elemento em alça

A indústria automobilística e a sua reconversão e aposta cara o carro elétrico está a provocar que o lítio, elemento químico com o que se fabricam as baterias elétricas, se esteja a posicionar como elemento em alça, atraindo grandes investimentos internacionais no âmbito da minaria para dar saída a esta nova demanda. Segundo estudos feitos públicos por ADEGA (Asociación para a defensa ecolóxica de Galiza) aguarda-se que para o ano 2025, a demanda de lítio a nível mundial seja de 300.000 toneladas para satisfazer esta reconversão da indústria do carro, excedendo assim mais onze vezes à demanda atual deste elemento, incrementando o preço até 200% nos últimos três anos.

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