Sócrates, perdido o apoio de António Costa, deixa de militar no PS

Carismático primeiro-ministro, antiga esperança branca da socialdemocracia em Europa, José Sócrates, de 60 anos, abandona o PS atingido pela sombra da corrupção.

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photo_camera Sócrates, durante unha entrevista na RTP

Sócrates estava filiado no PS desde 1981. Como líder levou o Partido Socialista a atingir o seu récord de votos em 20 de Fevereiro de 2005. Foi primeiro ministro até 2011. Mas politicamente não parece ter opções a sobreviver aos cargos de corrupção e branqueamento de capitais que o levaram a cumprir 288 dias de prisão provisória, à espera dum julgamento que ainda não se tem produzido. Dirigentes do PS declaram-se "envergonhados" pelo comportamento do seu ex líder, que também não contou durante estes meses com o apoio do actual primeiro-ministro, António Costa.

Foi o próprio Sócrates quem anunciou a sua marcha do PS num artigo de opinião que viu a luz no Jornal de Notícias. A sua situação, já muito delicada, tornou-se quase insuportável quando se soube que Manuel Pinho -quem serviu com ele como ministro de Economia- também estava incurso numa pesquisa por corrupção. "A injustiça que a direcção do PS comete comigo, juntando-se à direita política na tentativa de criminalizar uma governação, ultrapassa os limites do que é aceitável no convívio pessoal e político. Considero, por isso, ter chegado o momento de pôr fim a este embaraço mútuo. Enderecei hoje uma carta ao Partido Socialista pedindo a minha desafiliação do partido", escreveu Sócrates.

O ex primeiro-ministro acusa a direcção atual do PS de o submeter a "uma espécie de condenação sem julgamento".

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