Snowden pede asilo ao Equador

O ex-espião norte-americano Edward Snowden, que revelou a existência de um "big brother global" à escuta de todas as comunicações móveis e via internet, saiu de Hong Kong com destino ao Equador. Artigo tirado de Esquerda.net

photo_camera [Imaxe: Esquerda.net]

Depois de se saber que os alemães são os europeus mais escutados pelo programa da NSA, agora Berlim quer explicações sobre o programa de espionagem britânico, que tem maior capacidade e é mais avançado que o dos EUA.

Edward Snowden abandonou Hong Kong pouco depois do seu passaporte ter sido cancelado pelas autoridades norte-americanas, que o acusaram de espionagem, e no dia seguinte às suas revelações à imprensa chinesa sobre a vigilância da NSA às mensagens SMS dos chineses. O ex-espião viajou na companhia de Sarah Harrison, uma das colaboradoras mais próximas de Julian Assange. A Wikileaks divulgou em comunicado este domingo que Snowden pediu ajuda à organização garantir a sua segurança. O ex-juiz espanhol Baltazar Garzón, que dirige agora o departamento jurídico da Wikileaks, afirmou que "o que está a ser feito a Snowden e Assange - por revelarem ou facilitarem a revelação de assuntos de interesse público - é um ataque conta as pessoas".

O avião de Snowden aterrou a meio da tarde num aeroporto de Moscovo, numa altura em que as apostas sobre o destino do antigo perito informático da agência de espionagem NSA indicavam que ele poderá estar em trânsito para o Equador ou a Venezuela. Minutos depois, o ministro dos Negócios Estrangeiros Ricardo Aroca confirmou no Twitter ter recebido um pedido de asilo por parte de Edward Snowden.

Este sábado, o líder da Wikileaks assinalou o seu primeiro aniversário enquanto hóspede forçado da embaixada equatoriana em Londres com um comunicado em que destaca o caso de Edward Snowden. 

"A privacidade humana foi erradicada em segredo", declarou Assange, chamando a atenção para a situação paradoxal das últimas semanas: "O governo dos EUA está a espiar cada um de nós, mas o Edward Snowden é que é acusado de espionagem por nos avisar disso". Assange lança duras críticas a Barack Obama, cuja administração já conta com oito acusações de espionagem a pessoas que divulgaram à opinião pública  informação que os EUA preferiam manter em segredo.

Alemães pedem explicações sobre o programa britânico de vigilância

O tema da espionagem da NSA ensombrou a visita de Obama à Alemanha na semana passada, no meio de comparações entre a ação do governo norte-americano e as antigas práticas da polícia política Stasi, na antiga RDA. Os dados recolhidos acerca do programa PRISM, que permite aos EUA escutarem todas as comunicações geridas pelas maiores empresas na internet (Google, Apple, Microsoft, Yahoo, Facebook…), concluíram também que a Alemanha foi o país europeu mais escutado pelos espiões dos EUA.

Mas na sequência das revelações de Snowden, uma investigação do Guardian concluiu que o programa Tempora, da agência de espionagem britânica CGHQ, ainda tem maior capacidade de escuta do que o Prism, para além da capacidade de armazenar durante 30 dias todas as comunicações que passam nos cabos de fibra ótica sob viglância, dados que são depois partilhados com a NSA norte-americana.

"Se estas acusações tiverem fundamento, isso seria uma catástrofe", declarou este sábado a ministra alemã da Justiça. Para Sabine Leutheusser-Schnarrenberger, as acusações contra o Reino Unido "parecem saídas de um filme de terror de Hollywood. As instituições europeias devem procurar desde já clarificar a situação", acrescentou.

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