A UGT COLOCA-SE NO SECTOR FAVORáVEL A UM ACORDO COM PASSOS COELHO

O PS negoceia a duas bandas, mas Costa já fala de "plataforma de governo" com a esquerda

Esta semana ficará esclarecido quem vai fazer governo em Portugal, mas nas últimas datas veio aumentar a hipótese dum executivo do PS apoiado pelo Bloco de Esquerda e a CDU.

Reunião Bloco-PS
photo_camera Reunião Bloco-PS [Foto: Esquerda.Net]


O secretário geral do PS, António Costa, negoceia a duas bandas -esta terça feira tem uma cimeira com os líderes de Portugal à Frente, já se viu com Catarina Martins (Bloco) e Jéronimo de Sousa (CDU-PCP)- mas a impressão geral é que o líder socialista se inclina a favor duma solução desde a esquerda, um governo inédito em 40 anos de democracia em Portugal (o PS, sempre que governou, o fez em solitário).

Costa ressalvou nas suas intervenções perante a media que Bloco e CDU não colocam nenhuma demanda inassumível para o seu partido, sendo que não questionam que nos assuntos relativos às políticas ditadas pela União Europeia a última palavra, num eventual acordo de governo, a iria ter o Partido Socialista.

Tudo isto levou ao secretário geral do PS a falar mesmo de "plataforma de governo", uma expressão com a qual o dirigente socialista quer referir a hipótese dum executivo integrado pelo seu partido e apoiado desde as bancadas de São Bento por Bloco e CDU.

Ninguém duvida em Portugal que se esta hipótese está cima da mesa é pela disposição do Partido Comunista Português a respaldar esta operação sempre que se der a condição de o PS virar à esquerda e recusar a colaboração com a direita. "Estamos preparados e prontos para assumir todas as responsabilidades, incluindo governativas", disse o seu secretário geral, Jerónimo de Sousa, num depoimento que poderíamos carimbar como histórico.

"Estamos preparados e prontos para assumir todas as responsabilidades, incluindo governativas", disse o secretário geral do PCP, Jerónimo de Sousa

Na política de gestos, Costa está a ser muito mais generoso com a esquerda de que com a direita. Após a sua primeira reunião com Passos Coelho e Paulo Portas, disse que o contacto fora bastante "inconclusivo", enquanto que depois de se entrevistar com bloquistas e comunistas manifestou: "Esses contactos [com a esquerda] não tenho escondido, têm decorrido de forma positiva, têm permitido condições para um trabalho sério e consistente que tem em vista a criação de um programa de governo comum que responda àquilo que são as necessidades do país".

O problema tem-no Costa na frente interna: após se conhecer a demissão do seu antigo lugar-tenente Sérgio Sousa Pinto -contrário a toda virada à esquerda- veio a saber-se que o líder da UGT lusa, Carlos Silva, dissera que ele ia estar mais contente com uma solução à direita: “Ficaremos mais tranquilos se a decisão do PS for encontrar um compromisso com o PSD e o CDS”. O acordo à esquerda descarta-o por julgar que seria "instável" e não garantiria a governança do país por espaço de quatro anos.

Também tem problemas o secretário geral com a imprensa portuguesa teoricamente afim ao PS, em concreto o diário Público, pouco amigo duma solução à esquerda após o veredito das urnas do 4N.

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