O PS continua a negociar coa direita as alterações ao Código do Trabalho

O governo da gerigonça —a colaboração entre o PS de António Costa com a esquerda de raiz marxista— tem uma excepção não pequena: a reforma do Código do Trabalho. Nela o PS está a negociar coas formações da direita —PDS e CDS-PP— a rejeitarem as propostas vindas das bancadas do Bloco de Esquerda e o PCP.

António Costa na Assembleia da República
photo_camera António Costa na Assembleia da República

Concluíram as reuniões da comissão constituída na Assembleia da República para a reforma do Código de Trabalho e a paisagem que fica é a do acordo do PS com a direita para tombar aquelas propostas de Bloco e PCP que visavam eliminar do texto legal as imposições da troika. Como os inquéritos a anunciar a sua clara vitória para as legislativas de Outubro —embora sem maioria absoluta—, António Costa vê-se com força para se afastar da gerigonça e pactuar com as formações conservadoras.

Na última das reuniões em sede parlamentar, o PS uniu os seus votos aos de PDS e CDS-PP para rejeitarem as alterações ao trabalho por turnos, avançadas pelo BE e o PCP. Aliás, foi chumbada a proposta do Bloco para acabar com a obrigação de a trabalhadora devolver a compensação à empresa quando quer impugnar o despedimento.

Com todo, a direita do PDS —não assim o CDS—aceitou negociar com o PS uma certa penalização a aquelas empresas que abusem da contratação temporal.

A contratação a termo certo, agora fixada num máximo de três anos, passará a ser, quando aprovadas estas alterações, de dois anos. Nesta matéria o PS fez concessões ao PCP.

E todo isto acontece quando na Espanha setores do PSOE põem Portugal como espelho da colaboração que se pode estabelecer entre distintas formações de esquerda sem que esta tenha de envolver necessariamente a formação dum governo de coligação.

Comentarios