O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, foi alvo, pelo segundo dia consecutivo, de um panelaço de moradores de várias cidades do país a exigirem, ao som de pancadas em objetos metálicos como panelas, a saída do poder.
O protesto de quarta-feira, 18 de março, à noite foi convocado pelas redes sociais e foi ouvido em bairros de estados como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, por voltas das 20:30 (00:30 da quinta-feira, 19 de março, na Galiza).
Ontem o Brasil inteiro gritou #ForaBolsonaro! pic.twitter.com/xqx9zU5C6L
— Mídia NINJA (@MidiaNINJA) March 19, 2020
"Ele não", "fora Bolsonaro" e "fora Guedes [ministro da Economia]", foram alguns dos gritos que se ouviram a partir das janelas de dezenas de cidades brasileiras, acompanhados por batidas em panelas e outros objetos metálicos.
Um dos motivos do protesto foi a postura do chefe de Estado brasileiro em relação à pandemia do novo coronavírus, tendo chegado a afirmar que se tratava de "histeria e fantasia" divulgada pela imprensa. Bolsonaro também foi fortemente criticado por ameaçar a saúde pública quando, no domingo, cumprimentou e tirou selfies com centenas de apoiantes.
O Presidente brasileiro contrariou as recomendações do executivo brasileiro, que desaconselhou grandes aglomerações de pessoas devido à pandemia da COVID-19, ao juntar-se a dezenas de apoiantes numa manifestação.
O número de mortes pelo novo coronavírus aumentou na quarta-feira para quatro, com o país a registar 428 casos confirmados e 11.278 casos suspeitos, informou o Ministério da Saúde brasileiro.
"Vírus mental"
Também, a embaixada da China em Brasília disse que Eduardo Bolsonaro, deputado federal e filho do Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, "contraiu um vírus mental" ao culpar a "ditadura chinesa" pela pandemia do novo coronavírus.
1-As suas palavras são extremamente irresponsáveis e nos soam familiares. Não deixam de ser uma imitação dos seus queridos amigos. Ao voltar de Miami, contraiu, infelizmente, vírus mental, que está infectando a amizades entre os nossos povos.
— Embaixada da China no Brasil (@EmbaixadaChina) March 19, 2020
"As suas palavras são extremamente irresponsáveis e soam-nos familiares. Não deixam de ser uma imitação dos seus queridos amigos. Ao voltar de Miami [nos Estados Unidos], contraiu, infelizmente, o vírus mental, que está a infectar a amizade entre os nossos povos", escreveu a embaixada na sua conta oficial na rede social Twitter, em resposta ao filho de Jair Bolsonaro.
Quem assistiu Chernobyl vai entender o q ocorreu.Substitua a usina nuclear pelo coronavírus e a ditadura soviética pela chinesa
— Eduardo Bolsonaro🇧🇷 (@BolsonaroSP) March 18, 2020
+1 vez uma ditadura preferiu esconder algo grave a expor tendo desgaste,mas q salvaria inúmeras vidas
A culpa é da China e liberdade seria a solução https://t.co/h3jyGlPymv
Eduardo Bolsonaro, que é deputado federal, usou a sua conta no Twitter para culpar o Partido Comunista Chinês pela pandemia, que comparou ao desastre de 1986 na central nuclear de Tchernobil, na Ucrânia, na altura parte da antiga União Soviética. “A culpa é da China e liberdade seria a solução”, apontou.