Crise energética em Portugal

A luta por um salário base de 900 euros, na origem da greve do transporte de combustíveis

Motoristas que transportam gasolina, gás natural ou gasóleo denúnciam como abusivos os serviços mínimos decretados pelo Governo de António Costa, que abalam segundo os casos entre 50% e 100%. A greve declarada hoje é indefinida até a patronal respeitar os acordos salariais alcançados em Maio. A mobilização tem o apoio do Bloco de Esquerda e o PCP, nas vésperas das eleições legislativas de outubro.
Vale de Azinheira

A principal central convocante da greve é o Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas. O seu presidente resume assim as reivindicações do seu coletivo: "Queremos os 900 euros de salário base já em Janeiro, queremos o fim da cláusula 61 [uma espécie de isenção de horário de trabalho, que remunera duas horas extraordinárias por dia, independentemente do número de horas que os motoristas trabalhem] e que nos paguem as horas extraordinárias que estes motoristas fazem”.

Em teoria, o Governo António Costa, que classificou o conflito como crise energética com efeitos até o próximo 21 de agosto, tem uma posição equidistante entre a patronal Antram e motoristas e insta as duas partes a negociarem, mas na prática grevistas vêm o governo alinhado com os interesses do empresariado ao ter colocado uns serviços mínimos que julgam abusivos.

Grevistas vêm o governo alinhado com os interesses do empresariado ao ter colocado uns serviços mínimos que julgam abusivos.

De facto, num primeiro momento desde o SNMMP advertiu-se ao governo que não se iriam respeitar esses serviços. A resposta de Costa foi contundente, com a ameaça de decretar uma requisação civil, procedimento previsto na legislação portuguesa que prevê que em situações de emergência se possa obrigar as e os trabalhadores em greve a irem trabalhar. "A violação da requisição civil constitui um crime de desobediência”, avisou o líder do governante Partido Socialista este sábado. Postas assim as coisas, o SNMMP recuou e aceitou os serviços mínimos.

Governo movimentou também muita policia."Este aparato policial é inadmissível. Temos direito à greve. Está tudo montado de maneira a tirar-nos o poder de resposta", disse a Público.pt José Luís, um motorista veterano com mais de 30 anos de carreira profissional.

"Este aparato policial é inadmissível. Temos direito à greve. Está tudo montado de maneira a tirar-nos o poder de resposta"

De acordo com os dados disponíveis, a primeira hora do dia de hoje apenas 434 postos de combustível (14,8% dos existentes a nível nacional) estavam indisponíveis. Em troca funcionavam com normalidade 2.098, 71,7%, enquanto que outras 395 estações estão parcialmente disponíveis.

A situação faz com que muitas pessoas estão a viajar a Galiza para se abastecerem de combustível.

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