Ao contrário do que afirmaram tantas e reiteradas vezes os líderes da troika, quanto mais medidas de austeridade, mais cresce a dívida pública. Se alguém tinha dúvidas, basta dar uma vista de olhos nos próprios dados do gabinete oficial de estatísticas da União Europeia, o Eurostat.
A Itália aplicou medidas de austeridade, muito elogiadas pela chanceler Merkel em 11 de janeiro de 2012, elogios reiterados em setembro do mesmo ano. Mas a sua dívida pública passou de 123% do PIB no início de 2012 aos 130% atuais.
A Irlanda é a “boa aluna”, o grande exemplo de sucesso da austeridade. Seria de esperar, então, que a sua dívida pública tivesse diminuído, certo? Errado. Passou de 106% do PIB para 125% em um ano. Outro bom aluno elogiado por Merkel: Portugal. Será preciso recordar os números? A dívida passou de 112% do PIB para 127% no mesmo espaço de tempo.
Bons alunos, maus alunos, o resultado é o mesmo: a Espanha de Mariano Rajoy, que foi tão apressado a aplicar os princípios merkelianos, viu a dívida crescer de 73% para 88% do PIB no mesmo espaço de tempo.
Finalmente, a Grécia, que aplicou a austeridade mais bárbara, passou de 136% do PIB no primeiro trimestre de 2012, já depois da reestruturação da dívida (o chamado haircut) para os atuais 160% do PIB.
Austeridade versus crescimento
Insensível a estes resultados, a chanceler alemã pediu em novembro do ano passado, diante de um congresso do seu partido, mais cinco anos de austeridade na Europa. "Precisamos de austeridade para convencer o mundo de que vale a pena investir na Europa", disse.
Já este ano, em abril, a senhora Merkel afirmou que austeridade não se opõe a crescimento: "Para nós na Alemanha, a consolidação fiscal e o crescimento não se opõem, têm que andar de mãos dadas", disse.
Um mês depois, o Eurostat divulgou dados devastadores: a zona euro mergulhou na sua mais longa recessão, com nove dos 17 países que utilizam o euro a verem o seu PIB a contrair-se. A Irlanda, que não constava dessa estatística porque não tinha dados disponíveis, veio-se juntar a esses nove: -0,6% no primeiro trimestre de 2013.
Assim, os dez são: Espanha, Portugal, Grécia, Itália e Irlanda, mais França, Chipre, Holanda, Finlândia e Eslovénia.
Tirado de Esquerda.net