A crise política em Portugal está longe de ser fechada, desde que o presidente da República, o conservador Cavaco Silva, tem a potestade, constitucional, de indigitar ou não como primeiro ministro António Costa, o líder do PS.
A situação é a seguinte: politicamente Cavaco prefere a continuidade de Passos Coelho, mas este não tem a confiança da Assembleia da República, câmara que chumbou o seu programa de governo. Passos Coelho tem o apoio do presidente da República, aliás não o da câmara, justo ao invés de António Costa.
Em Portugal já houve governos de gestão, nos anos 1987 e 2011
Todos os olhos estão postos em Cavaco Silva e no que vá fazer. Esta terça feira, durante a sua visita institucional à Madeira, o presidente da República deu uma pista ao desdramatizar esta crise política e ao relembrar que ele próprio foi primeiro ministro dum governo em gestão. Com efeito, de se optar por esta solução, não seria inédita: houve governos de gestão em Portugal nos anos 1987 e 2011.
As afirmações de Cavaco foram rapidamente contestadas por António Costa: "É preciso relembrar que o que se passa hoje é bem diferente do que se passou em 1987 e é também bem diferente do que se passou em 2004", afirmou o secretário-geral socialista. Aliás, alertou que a Constituição proíbe a dissolução do Parlamento nos primeiros seis meses da legislatura.