Um baile por volta da lusofonia: livraria Ciranda abre as portas en Compostela

O projecto vem combater a "orfandade" da oferta literária em português que existe na Galiza e para pór em contacto as duas culturas irmãs
photo_camera Xurxo Novoa, Iria Mayer e Carme Saborido [Imaxe: Riobó Prada]


Uma empresa que está com a sede numa livraria. Uma editora que dá voz a quem não a tem. Um objectivo: fazer com que a cultura galega e portuguesa, "tão próximas mas que vivem de costas" girem sobre si próprias e se vejam as caras. E um baile de roda típico do Brasil, da zona de Pernambuco associado às criações, um conceito onde se dão a mão a veia lúdica e a da mestizaxe.

Tudo isso é Ciranda, o projecto vinculado à língua portuguesa e à cultura lusófona que Loaira Martínez, Carme Saborido, Iria Mayer e Xurxo Novoa vêm de deitar a andar no número 7 da rua Travesa, partilhando espaço com a livraria feminista Lila. As quatro são sócias da Associaçom Galega da Língua, AGAL.

"Havia vários projectos que se iam desenvolvendo graças ao trabalho voluntário, mas o sucesso fez com que o tecido asociativo ficasse insuficiente para os assumir", explica Carme, acrecentando que todos essas iniciativas tiveram sempre a língua e a cultura lusófonas como eixo central. "Vimos uma carência pois, embora ser a Galiza o berço da lusofonia não se está a aproveitar essa potencialidade", sublinha Xurxo, quem coloca também entre os objectivos que persegue Ciranda ser um reforço para o estatus do galego.

Não tudo vai ser literatura

Apresentações de discos com música ao vivo, cursos e actividades de formação ou representações teatrais completam a ampla oferta literária que editoriais como ATravés, Imperdível, Axóuxere, OQO, Estaleiro "e alguma brasileira" colocarão nos estantes desta livraria pois "constatamos que não era singelo fazer-se aqui com títulos portugueses", indicam quatro jovens empenhadas em que "o que se faz aqui também chegue fora".

"A ideia é que os dois projectos somem juntos, mantendo toda a actividade da Lila e contribuindo para multiplicá-la", aponta Carme, fazendo especial fincapé na "orfandade" existente no sector em que se mergulham agora. Ela própria faz parte de um clube de leitura e "tínhamos problemas para axendar títulos pelas dificuldades na distribuição". Ciranda inaugurou-se nesta sexta-feira. Será a única livraria especializada, de jeito monográfico, na cultura lusófona na Galiza. A sua irmã, Lila, também é única, a única livraria feminista.

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