Wilson Alves-Bezerra publica na Galiza o seu uivo anti-Bolsonaro

Na editorial pontevedresa Urutau
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photo_camera O poeta brasileiro Wilson Alves-Bezerra. Foto: cedida.

O Pau do Brasil é um livro de nunca acabar. Em marcha desde 2016, a editorial brasileiro pontevedresa Urutau vêm de publicar a quinta ediçao ampliada -250 páginas- duma obra que é como um uivo, uma oração profana contra o estado das coisas no país de Wilson Alves-Bezerra, o autor. "Meu presidente, meu vice-presidente, meu ex-presidente bandido. Meu herói, meu juiz moreno desperdício. Meu televisor, meu tutor, meu  ilusionista. Meu jornal, minha cobertura, minha merda. Sua cobertura a esta altura nem guarda-chuva podia", escreve com violência, surda frustração um Alves-Bezerra que militou em prol da libertação do Lula.

Textos maiormente em prosa compoem a obra. Poderia ser poesía, mas não é certo. Também poderia ser uma coletânea de pasquins anti-Bolsonaro, mas pasquins de feroz sarcasmo e impugnação de consensos. "O discurso vigente é a fúria e a contradição, mas não se dá tiros a esmo", explica o autor no Prefácio à quinta edição, "o Pau do Brasil não vai se prestar a ser uma catarse dócil nem indignada na rede social".

Alves-Bezerra actualiza no Pau do Brasil o movemento antropofágico de Oswald de Andrade. Reconfigura escrita de procedências diversas -jurídica, jornalística, histórica, política, ás vezes mesmo poética- e tece uma estridente e infatigável requisitória finalmente antifascista. "Eu serei a sua agonia lenta, enquanto você ejacula agulhas. Serei a sua dor, o seu pavor, a sua angustia, eu serei esgar ainda, enquanto seu ar se finda. Virá virá, eu farei o que seja e sua morte virá", di no poema Ao funeral dos fascistas.

O Pau do Brasil contém ademais como apéndice os diferentes limiares que acompanharam as sucesivas edições, sempre ampliadas, do volume.

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