O relato de verán: O misterioso cavalheiro (e V)

Eu quedei surpreendida do bem que entendo o inglês com o pouco que estudei. Provei a comunicar-me com aquela sombra inglesa. ―We are galician people! London is very beautiful! Fish and chips? E a sombra falou-nos: ―Que caralho dis, oh? Estades no alto do Fiouco. Aqui vem muita gente veranear e pensam que estám em Londres… ―Hóstia!! E para Londres falta muito? Perguntou-lhe o vespineiro. ―Na rotunda, colhedes a segunda e tudo de frente! Subimos ao vespino, começamos a soprar mui forte para ir afastando a névoa e abrindo caminho, continuamos a aventura. Nunca umha noite deu para tanto. O vespineiro seguiu contando-nos os seus menus desde o nascimento. Quando estava explicando-nos o que comera o dez de novembro do dous mil e oito… chegamos a Londres, agora si! Estavamos diante do letreiro da entrada da vila que pom Welcome to London, perguntamos-lhe a um que vendia grelos na rua se sabia onde vivia Oleghario Smith e respostou-nos que ¨yes, of corse¨ e aló fomos, levar-lhe a sua Burguikinismiz Macario. Ainda estava quente, a hamburguesa, digo. Petamos na porta e saiu Oleghario Smith, era um homem duns cento e vinte anos, mandou-nos entrar a tomar algo e botou-lhe a hamburguesa ao cam, este cheirouna um pouco e papou-lhe o de dentro… os bigodes do misterioso cavalheiro figérom como fam as línguas das iguanas quando papam um mosquito e papou o resto. Oleghario estava fazendo churrasco e convidou-nos a aproveitar os ossos que lhe sobravam ao cam, estavam bos. Depois, olhando o relógio, entrárom-lhe as pressas e botou-nos a bastonadas porque ia começar Luar e queria intimidade, pois excitava-se muito vendo o Gaioso. O misterioso cavalheiro queria levar umhas toalhas de recordo de Londres, o mais parecido que encontramos foi um rolo de um metro de moqueta, roubamo-lo, subimos ao vespino e retornamos volta à casa. O vespineiro seguiu de palique, contando o historial das suas papatórias. Quando estava contando-nos o que merendara o oito de agosto do dous mil e vinte e quatro chegamos às proximidades do destino no mágico vespino. Ao longe vimos umha multitude de gente diante do Merdonals. Pareceu-me que seria um recebemento que nos tinham preparado, umha espécie de bem-vinda mas segundo iamos achegando-nos, fomos reconhecendo que aquela multitude nom estava de mui bom humor, mais bem diria que estava enfurecida. Baixamos do vespino e fomos cara aquela multitude. A massa enfurecida fijo um silêncio, olhou para nós, erguérom as mans a um tempo, nas mans tinham rosas… por um momento pensei se seriam militantes do PSOE mas de súpeto caim na conta, toda a massa a um tempo berrou encabronada: ―Vingançaaaaaaaa!!! Eram, como poderiades deduzir, a banda de chineses que baixaram das nuvens reclamando vingança. Como nos encontrárom? Perguntei-me em voz alta. O vespineiro, abriu por primeira vez o vidro afumado do seu capacete, deixando-nos ver os seus olhos rasgados e rindo-se, falou-nos em chinês: ―Encontlalom-vos glazas a mim! O meu nome leal é Lamóm Lodligues e folmo palte da banda! Dei-lhe umha patada com todas as forças na entre-perna, saiu voando e nós colhemos o vespino e saimos pitando. Perseguidos por aquela massa enfurecida, chegamos à altura da cafetaria onde começou esta história, lembrade que a persiana quedara aberta. Refugiamo-nos no interior. Fomos calmando. Adormecemos. Saiu o sol e entrou o camareiro. Pedím um churro e um café com gotas milagreiras. Nom lhe quedavam, isto entristeceu-me e chorei três lágrimas que caírom no café. Umha… duas… e três! Umha espécie de minhoca de escuma de café saiu da cunca até chegar ao dedo mais pequeno da mao do misterioso cavalheiro e ao chocar nel, aconteceu outra milagre: o dedo, a mao e o resto do misterioso cavalheiro foi-se convertendo em escuma, foi-se escumando, foi-se esfumando desaparecendo para sempre da minha vida, do meu café, do meu churro.