O relato do verán: O misterioso cavalheiro (III)

Entom o misterioso cavalheiro começou a fazer um redobre de tambor batendo os bigodes contra um contentor, criando umha atmosfera propicia para a batalha que me animava, ainda mais, a dar-lhe umha boa somanta. O chinês pousou o ramo de flores na rua e adoptou umha postura que parecia sacada dum filme de Bruce Lee, mentres emitia uns peculiares ouveos, via-se mui profissional. Deu um impressionante chimpo e apareceu ao meu lado, deixou de sorrir por um momento e mandou-me umha patada numha variz, provocando-me umha dor insuportável… berrei mais que nunca e o chinês riu como nunca, isto causou em mim um acto reflexo que me levou a dar-lhe umha patada com todas as minhas forças na sua entre-perna, fazendo-o voar e berrar como nunca e voou em direçom ao contentor onde fazia o redobre o misterioso cavalheiro, este abriu a tampa e eu encestei limpamente o chinês no contentor que nom deixava de berrar desde o interior: ―Cablóns, cablóns!!!! Penso que foi neste momento quando rematei de namorar ao misterioso cavalheiro. Aplaudiu-me, colheu as três rosas da rua, comeu duas e deu-me umha, quitou a dentadura postiça, pousou-na na tampa do contentor e beijamo-nos. Veu o camiom do lixo, emborcárom o contentor no camiom, com o chinês dentro e este, antes de ser triturado pola maquinária do camiom, lançou o último berro: ―Vingaaaaançaaaaaa!!! Soou um lóstrego que iluminou o céu. O céu estava inçado de nuvens e de cada nuvem baixava um chinês com ânsias de vingança. Saímos correndo, demo-nos agarrado à parte de atrás do camiom do lixo, os chineses vinham detrás correndo mas nom corriam tanto como o camiom, fomos deixando-os atrás, rimos. Nesse momento, demo-nos conta que o misterioso cavalheiro estava desdentado, pois a dentadura fora tamém para dentro do camiom… ao chegar ao vertedoiro municipal, o camiom detivo-se. O misterioso cavalheiro queria buscar a sua dentadura postiça no interior do camiom, pois ao parecer, aqueles chavelhos pertenceram a um cunhado seu e tinha-os em muita estima, aos dente e ao cunhado. Estava remexendo no volquete quando notou umha travada na mao, a travada era dos seus próprios dentes que os tinha postos o chinês das rosas, a quem davamos por morto e que voltou berrar: ―Vingaaaaançaaaaaa!!! Dum chimpo, baixamos do camiom, o chinês tamém o tentou más tinha trituradas as pernas e ali ficou, agora si, agonizando. Fum recuperar a dentadura do misterioso cavalheiro, coloquei-lha, deu-nos o riso e recuperou o sorriso. Metemo-nos numha lavadora velha, fechamos a porta desde dentro e automaticamente o bombo começou a dar voltas Sentimos o impulso irrefreável de fazer o amor, ali mesmo, no epicentro da merda e metemo-nos numha lavadora velha, fechamos a porta desde dentro e automaticamente o bombo da lavadora começou a dar voltas, como se fosse umha nora cheia de agua espumosa… era todo tam maravilhosamente mágico… começou a soar a quinta sinfonia para violino e charrasco de Chaichosky. O misterioso cavalheiro nom sabia nadar más eu fazia-lhe o boca a boca e salvava-o e resalvava-o encantadamente. À meia hora, quando rematou a funçom de centrifugado, saímos mais limpos, felices e mareados que nunca. Fóra ainda estava a lua recheia que se movia polo céu de umha esquina para outra, durante o tempo que nos durou o mareo. Encontramos, entre a merdalhada, os restos de um peta que aproveitamos e comprovamos que segundo lhe iamos dando mais caladas ao peta, a lua recheia ia retomando movimento. Com tanta história e tanto movimento entrou-nos a fame, assi que decidimos sair do meio daquela porcalhada e buscar um lugar para cear algo decente, ainda que eu tinha só cinco euros e o misterioso cavalheiro nom tinha nada… assi que fomos baixando à vila, pensando em que podiamos fazer para calmar aquela fame que segundo íam passando as horas ia medrando no nosso interior. Fomos comendo, para sair do passo, para saciar-nos um mínimo, os piolhos da cabeça do misterioso cavalheiro, ainda que este ao principio nom queria, pois criara um vínculo de amizade mui importante com eles, tamém comemos as pulseiras de tarolas que com tanto amor construiramos a princípios da noite. A lua recheia acompanhava-nos e eu olhava para ela e parecia-me ver um freixó. Quando tenho fame entra-me a mala hóstia e ver que o misterioso cavalheiro se detinha como um pasmom a olhar os semáforos sem pensar em como fazer para nom morrer de fame, ponhia-me de neura. As minhas tripas rugindo como um tigre e ele: -Verde… laranja… laranjalaranjalaranja… vermelho!! [Continúa a sexta feira]