Personagem mítico do natal galego ao resgate: o Apalpador

José André Lôpez foi quen  deu a pistolada de saída á recuperación do Apalpador cun artigo publicado en 2006 no Portal Galego da Língua. Desee entón esta personaxe do Nadal galego foi alargando e acrecentando a súa importancia e coñecemento até o día de hoxe. Mais, como foi aquel principio?
O Apalpador.

Fora em Maio de 2001 quando, os daquela directores de Vaga-lume, órgão oficial da Associação Galega Corredor do Henares, demandaram a quem isto escreve que dissesse algo sobre o Natal galego e achei que ser nabice não aproveitar. Assim foi como redigi para o número dous dessa publicação umas apressadas primeiras linhas sobre este personagem que é de necessidade recobrar.

Elementos físicos do mito

Mora nas devesas dedicado em fazer carvão, um gigante que usa da boina, casaco esfarrapado e com remendas, fuma em pipa e alimenta-se com bagas selvagens e dos javaris (javarinhos nas modalides lingüísticas das comarcas orientais) que caça.

 Actuação do personagem

 O dia 31 de Dezembro baixa à noitinha das alturas da sua escura morada nas espessas devesas para visitar os meninos. Chega quando os pequenos estiverem durmidinhos e apalpando-lhes a barrriguinha, por ver se estão cheios ou têm fame diz, no caso de estarem fartos: «Assim, assim estejas todo o ano», deixando-lhes uma mão-cheia de castanhas. No caso de terem fame ele cala embora, também os agasalhe com uma pressada do fruto do castanheiro.

 Pela excitação da chegada do Apalpador e os presentes, as crianças não podem dormir e bolem. Para lhes fazerem sossegar, os velhos cantavam-lhes as cantigas que vem: 

Vai-te logo meu ninim/nininha, 

marcha agora pra caminha. 

Que vai vir o Apalpador

a palpar - che a barriguinha. 

Já chegou o dia grande, 

dia do nosso Senhor. 

Já chegou o dia grande, 

E virá o Apalpador . 

Manhã é dia de cachela , 

que haverá gram nevarada 

e há vir o Apalpador 

c´uma mega de castanhas. 

Por aquela cemba 

já vem relumbrando 

o senhor Apalpador 

para dar-vos o aguinaldo. 

O Apalpador, com as funções atribuídas de carvoeiro, isto é, trançador de árvores, subministrador do lume (floresta-luz-calor) e doador de castanhas, possui as mesmas virtudes apotropáicas postas na queima dos madeiros, isto é, anunciador da fartura, da protecção, da aliança com a boa fortuna.

Uma achega á interpretação do mito

Os estudiosos das religiões comparadas concordam que a celebração do Natal cristã provém dos ritos mitráicos. Conserva-se, neste teor, uma notabilíssima evidência que vem iluminar a apropriação da Igreja dos elementos teogónicos da sua rival no Império Romano: o calendário Juliano computou o solstício de inverno em 25 de Dezembro, considerando este momento cardinal, como o da natividade do sol, enquanto que a partires dele a luz diurna começa a alongar-se.

O facto de que o nosso personagem apareça nas festas do Natal, sem relação com o nascimento de Cristo nem seja homologável com os cultos romanos, convida que profundemos um bocado na sua origem desde a simbologia que leva aparelhada, pois na Galiza não há resto nenhum, dos que hoje pelo de hoje se tenha conhecimento, de culto a Mitra nem a Átis. 

A mitologia galego-lusitana anterior à chegada dos romanos é-nos quase ignorada, além os esforços de Bermejo Barrera, Blanca García Fernández-Albalat, Filipe Criado Boado e Marcos V. García Quintela por lhe darem uma estrutura homologável com o restante mundo indo-europeu. 

O que resta dessa parte da nossa história não vem ser mais que a ruína duma ruína. Embora sim que se conserva uma das mais ricas testemunhas epigráficas da România, o que nos permite certas cautelosas interpretações do panteão pré-romano.

O facto de que o Apalpador se alimente de javari há que colocá-lo à par com o costume germânico de Suécia e Dinamarca de fazerem com a derradeira gabela de trigo recolheita no ano, um pão a jeito de cocho , cham a d o ―o p orco de N a ta  p a ra comeres tanto os animais como a gente, com a esperança de ao ano vindouro ter boas colheitas. 

É ocioso assinalar que a festa sacrifical galega por antonomásia é a matança do cocho, celebrada sempre nos arredores do Natal, costume que não faz mais que reafirmar íntimas ligações com uma antiqüíssima tradição indo-européia. 

O mito do Apalpador serve-nos para assegurar que não vem ser mais que a versão moderna dum deus milenário, já esquecido, em correspondência com o Sol, propiciador das boas colheitas que, por mor da aculturização cristã foi desterrado às funções da boa nova da fartura e da ilusão para os meninos.

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