A proposta de declarar a morna Patrimonio Imaterial da Humanidade já tinha recebido o apoio da comissão em novembro, mas o veredito final foi adotado ontem, durante a 14ª reunião anual do Comité Intergovernamental para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial da UNESCO, que está a decorrer desde a segunda-feira, 9 de dezembro, no Centro de Congressos Agora, em Bogotá, Colômbia. Trata-se, ademais, da primeira vez que o comité se reúne na América Latina.
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— UNESCO (@UNESCO) 11 de decembro de 2019
Morna, musical practice of #CaboVerde 🇨🇻 has just been inscribed on the #IntangibleHeritage list.
Congratulations! 👏👏
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"Toda a nação deve celebrar de forma efusiva", afirmou o Presidente cabo-verdiano, Jorge Carlos Fonseca, ao receber a notícia, desde a Cidade de Praia. O primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, também partilhou a sua alegria: "Morna ontem, hoje e sempre”, declarou visivelmente emocionado. E, por seu lado, a presidenta da Sociedade Cabo-verdiana da Música, a cantora Solange Cesarovna, expressou que “Celebrar a morna é celebrar Cabo Verde, é celebrar o povo cabo-verdiano".
“Celebrar a morna é celebrar Cabo Verde, é celebrar o povo cabo-verdiano", disse a cantora Solange Cesarovna.
Foram a cantora cabo-verdiana Nancy Vieira e o instrumentista Manuel de Candinho as pessoas encarregadas de acompanhar o ministro da Cultura e das Indústrias Criativas, Abraão Vicente, em Bogotá. Ali, a cantora e o instrumentista interpretaram "Sum Sabia", uma morna popular.
Ainda que não se sabe com certeza em que ilha nasceu, se em Boa Vista ou Brava, a morna surgiu no século XIX, tal e como se indica no dossiê de candidatura a Património Imaterial Cultural da UNESCO, de uma mistura de estilos muito diversos, com o landum africano e as influências da modinha luso-brasileira. Uma tradição que se manteve viva até hoje. As letras, que geralmente estão acompanhadas por instrumentos como a viola, o cavaquinho ou o violino, entre outros, são interpretadas em crioulo cabo-verdiano, e vinculam-se muito com a saudade, o amor, a ironia, o destino... O seu maior expoente foi a sempre lembrada Cesária Évora (Mindelo, 1941-2011), cantora que abriu a morna, com músicas inesquecíveis como “Sodade”, ao resto do mundo.
O processo levado à UNESCO contou com 77 declarações individuais de consentimento e apoio, de instrumentistas, compositoras e intérpretes de morna, até artesãos e construtoras de instrumentos de corda.
Além da morna de Cabo Verde, o comité está na atualidade a examinar a ratificação de perto de quarenta candidaturas a Património Cultural Imaterial da UNESCO.