Carvalho Calero e a História clínica da nossa Língua na Galiza

Reproducimos a seguir um extracto do texto de Alexandre Banhos sobre Carvalho Calero que hoje publica íntegro Nós Diario em papel. 

Carvalho Calero
photo_camera Carvalho Calero

Uma das afirmações recorrentes de Carvalho era insistir que nós e a nossa língua tínhamos uma história clínica.

Quando começa? Pois quando uma certa normalidade, que no reino do norte já levava algum tempo em problemas, -perdida a Corte do reino-, esse lugar, onde segundo a primeira gramática da nossa língua, a de Fernão de Oliveira 1536, as palavras se cozinham e acham o brilho.

Como foi a Galiza virarmos dous reinos: a cousa é simples, Portugal é a criação indireta de Gelmirez, a melhor cousa que ele fez. Galiza sem Portugal seria um espaço como o do asturoleonês.

Na Galiza, nesse espaço de entre o Ortegal e Douro, nasceu a nossa língua, que é a nossa criação mais original, e verdadeira alma coletiva do nosso povo. A cabeça do território era Braga. Foi-no da província romana da Galiza. Logo do reino dos galegos (galaeciorum regnum 411). Logo de novo do reino da Galiza etc. E a Braga cabeça civil, virou como cristã cabeça da Galiza e como tal continuou até 1495, além de se converter na cidade primaz de Portugal.

Compostela foi uma criação motivadora da Hispania, frente ao domínio muçulmano A Sé do bispo não se estabeleceu em Compostela até passados mais de 200 anos. Porém vinha recém de se estabelecer e caiu nas mãos de quem era bem ambicioso e sonhava com dirigir, como Sé apostólica, toda a península. Que a ambição era peninsular temo-la no facto de quando ao nené Afonso, sob a sua tutela, o proclama rei da Galiza, também o faz de Toledo. E Braga cabeça é com certeza o primeiro espaço para ele ocupar, a Braga da que dependia, logo viria Mérida, e tentaria Toledo...

As manobras, da nova sé de Compostela (Gelmirez) para ocupar a posição da sé de Braga (Paio), deu lugar a um conflito que acabou na divisão do reino em dous. A divisão, não foi obstáculo para Braga conseguir manter, -desaparecido Gelmirez- a cabeça religiosa de muitas entidades, instituições e sés religiosas da Galiza até 1495. O território ao norte usufruiu para o seu reino o nome de Galiza. O território ao sul, tomou o da velha cidade galega Portus-Cale.

No reino do norte, Compostela era muita cousa, e ela e a sua ideologia o compostelanismo, seguiam com uma só aspiração, governar a península. Em 1230 falece o nosso rei Afonso VIII, e frente ao seu testamento -norma legal obrigada-, e que era oposto a união com Castela, manobra Compostela e Castela (ante o papa) para que a unidade, com um rei galego, da casa dos Reimundez, se produza. Bem que nos fornece os dados Emílio Gonzalez Lopes de como as sés que dependiam e obedeciam Braga se opunham a Compostela, e eram maioria, estavam no grupo inclusas Samora e Oviedo.

Isso foi grande sucesso do Compostelanismo, até a lírica em língua galega mandavam na Corte de Castela.

Porém o jogo peninsular acaba por colocar à Galiza compostelã na periferia e pronto novas elites reais não ligadas a Galiza assenhoreariam o reino de Castela.

---

O texto íntegro, no Nós Diario que se publica esta quinta feira

[Artigo patrocinado pola Deputación da Coruña]

DepCor_horiz

Comentarios