O parlamento português aprovou a passada sexta feira 19J um projeto de resolução do PCP que recomenda a classificação da obra do cantor José Afonso (1929-1987) como de interesse nacional. O reconhecimento ao legado dum dos maiores vultos da música portuguesa do passado século chega aos poucos dias do 90 aniversário do seu nascimento, agendado para o vindouro 2 de agosto.
A proposta do PCP achou o respaldo de todos os grupos, menos o do PS, que optou pela abstenção. É o Governo quem tem de materializar agora a proteção da obra do autor de Grândola Vila Morena. Um porta-voz do Ministério de Cultura disse que o executivo reconhece a importância do legado do artista e que está em conversas com os herdeiros "para encontrar formas de localizar e preservar os ‘masters’” das gravações realizadas pelo músico.
O assunto não é assim tão singelo desde que a editora que detém os direitos comerciais da obra de José Afonso, Movieplay, se acha em situação de insolvência e ignora-se o paradeiro dos masters.
A Associação José Afonso —que impulsionou uma recolha de assinaturas, com mais de 11 mil adesões até o momento—pede ao Governo que garanta uma "especial tutela do Estado" à obra do cantor.
Por sua parte, o PCP defendia no seu projeto de resolução "que é urgente preservar e divulgar a obra de José Afonso, permitindo o seu acesso a todos, pelo que considera que o Governo deve envidar todos os esforços para recuperar toda a obra do músico, tendo em vista a sua reedição”.
Um deputado socialista, Ascenso Simões, quebrou a disciplina de voto do seu partido e apoiou a moção comunista.