Foi-se Zé Pedro, um dos nomes imprescindíveis para entender e amar a música popular portuguesa de finais do S.XX e princípios do XXI. Co-fundador e guitarrista de Xutos e Pontapés, o mais popular grupo de rock da beira sul do Minho. Zé Pedro morreu esta quinta-feira aos 61 anos, disse à agência Lusa segundo uma fonte próxima da família. As cerimónias fúnebres terão início esta sexta-feira, no Mosteiro dos Jerónimos, sendo o funeral sábado.
O estado de saúde frágil do músico não passou despercebido a ninguém. Zé Pedro lutava contra a hepatite C, já tinha feito um transplante de fígado em 2011, e prometia continuar a lutar: "Amanhã começo um novo tratamento e garanto que é para ganhar. E sei lutar e acredito", escreveu.
Zé Pedro está ligado para sempre a Xutos & Pontapés. Funda a banda em 1978 quando tinha 22 anos, após colocar um anúncio no jornal: "Baterista e baixista precisam-se para grupo punk". Ele saíra do festival de Mont-de-Marsan, em França, em 1977 com o som dos Clash e dos Damned a zumbir-lhe nos ouvidos e chegara a Portugal com um alfinete espetado na boca.
Como lembram na estação de música da RTP Antena-3, em Janeiro de 1979 os Xutos & Pontapés mostravam na sala Alunos de Apolo, em dez minutos iniciados às três da manhã e depois da actuação dos pioneiros do punk português, os Faíscas, que o caminho do rock’n’roll era em frente e não ficariam parados a olhar para trás. A esse primeiro concerto seguiram-se muitos outros. A banda aprimorava o som e afiava a linguagem.
Na biografia escrita pela irmã, "Não sou o único", Zé Pedro fala sobre os pais e os irmãos, os altos e baixos da carreira dos Xutos e Pontapés e os problemas com a droga e o álcool, que quase lhe tiraram a vida em 2001, quando sofreu uma hemorragia interna.
